sábado, 13 de junho de 2009

Prosa doutrinal religiosa

O Barroco é fruto de um Renascimento de certa forma ainda medievo em um Portugal que instalou a cruzada santa, se encaminhava a favor do Santo Ofício e do Púlpito, ou seja, que tinha como missão expandir a fé cristã católica e repreender todo tipo de heresia.
Com isso, esperava-se que os pregadores fossem capazes de ensinar e converter as pessoas; que fossem capazes de, até, mover e comover pedras.
Mas o que estava acontecendo não era isso. A verdadeira finalidade a que se destinava a pregação, isto é, admoestar, ensinar e converter as pessoas vinha se desvirtuando do púlpito para uma manifestação exterior e mais festiva de culto.
A Igreja era vista como um lugar de divertimento, aonde as pessoas iam apenas para ouvir o seu pregador preferido, não dando importância para a mensagem em si, mas sim para o pregador.
Os sermões eram cheios de alusões políticas e de efeitos teatrais. Há uma citação do Padre Antônio Vieira que diz: “As comédias portuguesas passaram do teatro ao púlpito”[1]. E era no púlpito, também, aonde muitas vezes os problemas políticos eram discutidos.
Os sermões eram encomendados, ou seja, eram mensagens prontas, onde os nobres e plebeus ouviam mais para deleite do que para crescimento e proveito espiritual.
Padre Antônio Vieira era contra toda essa situação, e por isso propôs um método concionatório, uma verdadeira teoria retórica, que dominou a partir da segunda metade do séc. XVII até meados do séc. XVIII. Este método tornou-se conhecido como método de pregar português, e ele está exposto no Sermão da Sexagésima.

[1] Idem; ibidem