sábado, 13 de junho de 2009

Historiografia de Padre Antônio Vieira

Antônio Vieira nasceu em 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa. Em 1614, quando tinha seis anos, foi trazido para Salvador, tendo estudado em um colégio de origem jesuíta. Naquela época, os jesuítas sondavam jovens para a ordem. Vieira, em 5 de maio de 1623, aos quinze anos, deixou sua casa, tornando-se noviço no dia seguinte.
No alvorecer do dia 8 de maio de 1624, a capital baiana presenciou a chegada de uma armada holandesa da Companhia Ocidental, que, despreparada, capitulou ao fim do mesmo dia. A população, e Vieira, refugiaram-se no interior. Posteriormente, a Bahia foi reconquistada e em 05 de maio de 1925, juntamente com as festividades de vitória sobre os holandeses, Vieira realizou os votos de castidade e pobreza.
Em 1626, foi posto à prova de capacitação literária ao ser incumbido de redigir a “Carta Anua ao Geral”, na qual narrou fatos da ordem para Portugal, incluindo a tomada de Salvador pelos holandeses. Em 1627, aos 18 anos, foi designado para lecionar retórica na Universidade de Olinda. Pregou oficialmente, pela primeira vez, na Bahia, na Quaresma de 1633. Em dezembro de 1634, Vieira foi ordenado padre. Em 1638 já ensinava Teologia. Também presenciou a chegada da armada holandesa, de Mauricio de Nassau, em Pernambuco.
Em 1640, Portugal readquire independência, com a subida ao trono de D. João IV. Em 1641,Vieira vai a Portugal para prestar obediência ao Rei, adquirindo a confiança do monarca após conhecê-lo, sendo em seguida nomeado pregador régio. Em 1642, pregou pela primeira vez junto à Capela Real.
Nessa época, Portugal passava pela guerra da Restauração da Coroa contra a Espanha, mas também havia conflitos contra a Holanda, França e Inglaterra. Em 1643, Vieria foi designado pelo rei Dom João IV para negociar a reconquista das colônias. Suas propostas eram conciliar Portugal e Holanda, entregando a província de Pernambuco, aos holandeses, a título de indenização, bem como reunir em Portugal os cristãos-novos, isto é, os judeus que estavam espalhados pela Europa, e protegê-los da inquisição. Em troca, os judeus investiriam nos empreendimentos do Império Português, por meio da criação de companhias de comércio nos moldes do modelo holandês.
Ocorre que, em Pernambuco, eclodiu um movimento de resistência e expulsão das forças de ocupação holandesas, prejudicando as negociações. Associado a isso, a sua postura de defesa dos cristãos-novos colocava em indisposição as relações dos jesuítas com o Santo Ofício, o que resultou em seu regresso ao Brasil, em 1652.

Desembarcou em São Luís, no Maranhão em 16 de janeiro de 1653, onde encontrou forte resistência contra a libertação dos escravos indígenas, sendo os jesuítas quase expulsos pela população. Após um sermão, retorna a Lisboa em 1654, para interceder junto ao Rei pelos indígenas escravizados. Ao chegar a Lisboa, encontra enfermo o rei D. João IV.
Com o falecimento de D. João IV, a sua autoridade diminuiu e os jesuítas tiveram alguns de seus privilégios removidos. A Inquisição chega a prendê-lo. De 1665 a 1667 ficou preso em Coimbra. Em 1669, foi anistiado e, após meses sem pregar, vai a Roma interceder por seus direitos, onde ficou até 1676, sob a proteção da Rainha Cristina da Suécia. No ano anterior, Vieira obtém a sua absolvição da Inquisição.
No começo de 1681, retorna ao Brasil, onde volta a pregar. Suas obras começam a ser publicadas na Europa. Em 1694, já não escreve de próprio punho. Logo após, perde a voz e encerra seus discursos. Falece em 17 de junho de 1697, na Bahia, aos 89 anos.
O padre Vieira foi um grande e produtivo escritor do barroco em língua portuguesa. Escreveu aproximadamente 200 sermões, entre os quais pode-se destacar o "Sermão da Sexagésima", e cerca de 500 cartas e profecias que reuniu no livro "Chave dos Profetas", o qual nunca acabou.