sábado, 13 de junho de 2009

Introdução

Este trabalho deveria ser apresentado como um seminário, utilizando-se assim dos recursos prosódicos, cênicos e técnicos para a apresentação de “O Sermão da Sexagésima” do Pe. Vieira. Segue, portanto, sua adaptação textual.
Abordaremos o contexto histórico-literário em que se insere o sermão, aspectos relevantes da vida do autor, a estrutura do “Sermão da Sexagésima” e os diálogos intertextuais com textos bíblicos e a retórica aristotélica.
Para que seja realizado um estudo sobre o “Sermão da Sexagésima” é necessário que se volte o olhar ao seu autor e as condições de produção desse texto, bem como ao período histórico. É valido ressaltar o ambiente religioso em que estava imbuída toda a nação portuguesa, sua devoção extremada aos valores católicos e a própria posição de Vieira dentro da hierarquia católica. Por outro lado, havia um panorama político pleno de meandros e jogos de poder. Vieira era tido como uma figura controversa que, de um lado cativava e mantinha um diálogo elevado com seu público, mas que, por outro, enfurecia aqueles contrários às suas idéias. Vieira pleiteou pelos índios do Brasil e pelos judeus da Europa, causas estas controversas em seu momento histórico. Desta forma, colecionou inimigos, que viram na morte do Rei de Portugal a ocasião ideal para persegui-lo, pois o Rei o protegia, e, logo em seguida à morte do monarca, Vieira enfrentou seu mais duro embate, contra o Vaticano.
De sua extensa obra, abordaremos o “Sermão da Sexagésima”, suas influências e aspectos relevantes à produção da obra, ou seja, a influência aristotélica segundo os preceitos da Escolástica; a prosa doutrinal e seus mecanismos discursivos empáticos e o conteúdo religioso usado por Vieira.
É notório o domínio do Pe. Vieira sobre a arte discursiva e suas habilidades para convencer seu público e é no bojo dessa consciência que ele atribui à primeira parte do Sermão da Sexagésima o nome em latim: “Semen est verbum Dei”, e o que se segue é muito mais do que se supõe de um simples sermão católico, pois Vieira discorre sobre a natureza dos sermões e daqueles que os professam defendendo o empenho do pregador cristão na arte de persuadir e é desta forma que é construído este sermão sobre o que deve ser um sermão e aqui pode-se reconhecer o conceito de metalinguagem.